Fotos de Evangelista ou Linha Quinze!

Moema, com a neta Raíssa, ao lado do que restou da bomba de combustível. Hoje, uma peça de museu em pleno céu aberto.                                                                                                  

Fotos de Evangelista ou Linha Quinze!

Local onde funcionou a Estação Rodoviária de Evangelista - Imóvel de propriedade de Nélson Zamarchi

A linha 15 da Geral

- Onde você morou?
- Eu morei na Linha Quinze ou em Evangelista.

Assim como eu, Maria Olma, filha do Antônio Damo, neta do Santo Damo, muitas pessoas moraram na Linha Quinze. Mas será que todos sabem por que esse lugar se chama Linha Quinze ou Evangelista?

O texto tenta explicar.

Na segunda metade do século XIX, muitos italianos emigraram para o Brasil em busca de melhores condições de vida. As terras foram divididas em lotes (as colônias), e cada lote foi destinado a uma família. Com o tempo, foram surgindo estradas a unir esses lotes.

Desde criança, ouvi falar das linhas da Geral. As linhas eram (e são ainda) pontos de referência: a Geral era a estrada principal onde ficavam essas linhas. Começava na Linha 01 e ia além da Linha 20. Era a Linha 9ª, a 10ª a 11, a 12, a 13, a 14, a 15, a 16, a 17 e assim por diante. Muitas dessas linhas se tornaram povoados e até cidades. A linha Onze virou Serafina Correa, a Linha Quinze, Evangelista.

Nós, que moramos na Quinze, não sabíamos da sua história nem o porquê do seu nome. Um artigo publicado pelo Jornal Zero Hora, no dia 29.11.2002, sob a manchete "Vila de Casca tenta reverter maldição e decadência" traz à luz alguns dados históricos. 

O primeiro nome do povoado foi Barra Funda, quando, por volta de 1900, colonos de Bento Gonçalves e de Caxias do Sul fixaram-se na região. Em 1936, recebeu a denominação de Distrito Mauá. E, a partir de 1944, passou a denominar-se Evangelista em homenagem ao Barão de Mauá: Irineu Evangelista de Souza.

Hoje, a vila está em decadência. Muitos acreditam que isso se deve à maldição do padre Aneto Bogni, que, por volta de 1935, do alto do seu cavalo, depois de brigar com moradores, teria condenado o lugar a nunca mais se desenvolver.

A partir de 1939, com o desentendimento entre os sócios do frigorífico, iniciou a decadência: desapareceram o engenho de erva-mate, a industrialização do leite, o curtume, o próprio frigorífico, os hotéis, as lojas e a farmácia. Por sua vez, os moradores também foram se retirando. Hoje, o número de habitantes não chega a uma centena, e muitas casas estão fechadas ou em ruínas.

Setores culturais (Universidade de Passo Fundo), setores políticos (Prefeitura de Casca), moradores e ex-habitantes estão empenhados em preservar esse patrimônio cultural e incentivar o turismo, numa tentativa de não deixar desaparecer para sempre a Linha Quinze da Geral.

Maria Olma



Fiorinda Meneguzzi

A Tia Fiorinda, filha de Santo Damo, casada com Albano Meneguzzi (já falecido), em comemoração de seus 80 anos em Novo Hamburgo no dia 17 de setembro de 2006, com 10 de seus 11 filhos.

Storie e Frotole dei Dami : UMA PIA, A CAPITAL, DOIS ENGENHEIROS

Este é o ponto de vista de uma menina de dez anos (Maria Olma) diante da "inauguração" de uma pia e da engenhosidade do seu pai Antônio Damo, filho de Santo Damo, nas suas obras "nunca d´antes inventadas".

"Final da década de 50, início da década de 60. Na casa do Antônio Damo, interior da Linha Quinze, época de prosperidade. Depois de ter construído o "puxado", uma parte da casa com três peças grandes: uma sala, uma cozinha e a despensa, o pai construiu a área, os banheiros, o forno e o espaço para lavar a roupa com dois grandes e confortáveis tanques. Tudo muito próximo e muito prático.

Mas a rainha da construção, para mim, passou a ser a pia. Quando todas as pias da região eram o "setchers" feitos de tábua, o pai comprou uma de louça, igual à que se usa hoje nos banheiros das casas. Foi instalada próxima da porta da saída da despensa, na área, sustentada por dois pilaretes de tijolos. Uma torneira com água encanada (coisa rara na época) garantia o conforto da higiene para quem voltava suado do trabalho da roça.

E, finalmente, ela foi inaugurada no dia 21 de abril de 1960. Lembro nitidamente das palavras do pai:

- Enquanto eles inauguram Brasília, nós inauguramos a pia.

Para mim, menina de dez anos, a inauguração da pia era mais importante que a obra monumental de Oscar Niemeyer no centro do país. Essa data ficou marcada na minha memória: sempre que se comemora o aniversário de fundação da capital brasileira, me vem a memória o episódio da pia.

Porém, alguns tempos depois, uma ferramenta pesada (martelo?) caiu sobre a pia e abriu um rombo. O pai, na sua inteligência e engenhosidade, juntou os cacos, "engrossou" um dos pilaretes de modo a fazer uma base maior de tijolos e cimento para "sustentar" os pedações cuidadosamente recolocados e juntados com cimento. E ela continuou a servir por muitos anos aqueles que precisavam dos seus serviços.

Na sua genialidade, Oscar Niemeyer deixou perpetuada uma obra para a interiorização do Brasil, conforme queria o presidente Jucelino Kubistchek; na sua genialidade e inteligência, Antônio Damo também deixou uma obra que marcou para sempre as personalidades em formação.

Maria Olma

As filhas de Santo Damo e Maria Tonial

As filhas vivas de Santo Damo e Maria Tonial em momento de encontro em Passo Fundo.
Emília vive em Chapecó/SC; Ernesta em Passo Fundo/RS e Fiorinda em Descanso/SC.